Os veículos elétricos são considerados o futuro da mobilidade urbana, não só no Brasil, mas no mundo. Nos últimos anos a frota aumentou mais de 200% em países que incentivaram o setor. Pensando nisso, a Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara reuniu representantes do governo e da indústria para discutir o que o Brasil precisa fazer para entrar neste grupo.
Afinal, no Brasil só existem cerca de cinco mil veículos elétricos, número considerado irrisório se comparado à frota de automóveis do País, que é de 50 milhões.
Os participantes do debate apontaram quatro condições necessárias para a disseminação e a popularização dos veículos elétricos: menos impostos; a existência de postos de recarga nas estradas; a padronização dos conectores para recarga; e incentivos aos usuários, como locais de estacionamento.
Eles cobraram principalmente incentivos para os fabricantes e para o consumidor. Um carro elétrico ainda é muito caro comparado aos carros tradicionais.
Isso apesar de o governo ter reduzido o imposto de importação para esse tipo de veículo e para os componentes, mas o IPI, que varia de 25 a 45%, é apontado como muito alto ainda.
Mas o problema não é só a tributação, como apontam os empresários que vendem ciclomotores pequenos e bicicletas elétricas mais potentes, chamados de cicloelétricos.
A associação que reúne os fabricantes e importadores desse tipo de veículo reclama que o Conselho Nacional de Trânsito, o Contran, considera os cicloelétricos o mesmo que motocicletas e exige carteira de habilitação e placa.
Para o presidente da associação, Maurício Francisco, isso encarece o produto e afasta o consumidor.
"O Contran vem promovendo modificações na legislação, aproximando o cicloelétrico, que foi criado para ser um veículo tipicamente urbano, e tentando igualar ele a uma motocicleta. E isso vem tirando o veículo do seu mercado, vem afastando as pessoas a se aproximar de um veículo que pode ser a solução da mobilidade em muitos casos, podendo substituir o automóvel, podendo substituir o transporte público deficiente e caro, podendo resolver uma questão importante, que é a mobilidade urbana sustentável".
Apesar de mais caros, os veículos elétricos têm um custo de manutenção 40% menor que o dos tradicionais. Sem contar a emissão quase zero de poluentes.
Para o deputado Marcelo Matos, do PHS do Rio de Janeiro, autor do pedido de debate sobre o assunto, o Brasil precisa recuperar o tempo perdido em relação ao uso de veículos elétricos.
"O Brasil está indo totalmente na contramão em relação ao futuro. Hoje se polui muito e se investe pouco para que a gente tenha um futuro melhor".
O representante do governo na audiência pública, Igor Calvet, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, disse que será entregue ao presidente Michel Temer, até o fim do ano, uma proposta de política voltada para o setor, com previsão de incentivos e participação de várias áreas do governo.