“Há mulheres que rodaram 13 horas de estrada, enfrentaram chuva, para estarem aqui. Esse é um momento histórico, porque estamos abrindo espaço em Minas Gerais para a construção de uma feira exclusivamente de mulheres do campo”, disse a Alaíde Lúcia Novaes, assessora de mulheres da Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado de Minas Gerais (Fetaemg). Este sentimento foi compartilhado durante a abertura oficial, nesta quinta-feira (9/11), da 1ª Feira Mineira das Mulheres do Campo – economia feminista e agroecológica.
Até esta sexta-feira (10/11), cerca de 50 empreendimentos rurais liderados por mulheres estarão expostos em estrutura montada na Praça da Assembleia Legislativa, em Belo Horizonte. Pela primeira vez, o estado recebe uma feira exclusivamente de mulheres do meio rural.
Realizada pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), e em parceria a Articulação de Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas (integrado por 13 entidades), a feira tem como objetivo contribuir para a inclusão produtiva e a promoção da autonomia econômica da mulher trabalhadora do campo, na perspectiva da economia feminista e da agroecologia.
De acordo com o secretário de Estado de Desenvolvimento Agrário, Professor Neivaldo, a realização do evento atende demanda histórica dos movimentos sociais, pois amplia mercado e gera renda no campo, fortalecendo a agricultura familiar. “Nós queremos superar os desafios e cada vez mais dar voz às trabalhadoras rurais”, afirmou.
Cinquenta empreendimentos de mulheres de várias regiões de Minas Gerais foram selecionados para exporem seus produtos, após seletiva realizada pela Seda. Entre as empreendedoras estão mulheres de comunidades rurais e urbanas, assentamentos da reforma agrária e comunidades quilombolas.
Serão comercializados: doce de leite, cocada, mel, doce de abóbora, rapadura, doce de mamão, beiju, tapioca, farinha, mel, pães e biscoitos, manteiga, verduras, legumes e hortaliças, frutas, temperos e corante, amendoim, feijão andu, ovo caipira, requeijão, queijos, cachaças e licores, entre outros.
Para a representante do Movimento Graal do Brasil, uma articulação de Mulheres do Campo, Maria Beatriz de Oliveira, o evento é importante porque foca no protagonismo das trabalhadoras rurais. “Esperamos que abra caminho para outras iniciativas de valorização das mulheres do campo”, afirmou.
Beatriz lembrou que a realização da feira era uma das reinvindicações da Articulação de Mulheres do Campo entregue ao Governo no início de 2015. Outra ação atendida pela Seda foi a realização de um diagnóstico sobre a situação das trabalhadoras rurais de Minas Gerais. Em parceria com a Fundação João Pinheiro (FJP), o livro será lançado até o início do ano que vem.
“Somos donos de nossa própria produção, mas apesar disso somos invisíveis para a sociedade. Esta feira é muito importante para superar os desafios”, disse a representante da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf), Lucimar Martins.
A representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ricarda da Costa, também reforçou a necessidade de valorizar as mulheres do campo. “Somos a força do campo, queremos mais respeito e dignidade”, afirmou.
O evento conta também com o apoio das secretarias de Governo (Segov) e de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Fundação João Pinheiro (FJP), Emater-MG, Fetaemg e Fiocruz. A Iª Feira Mineira das Mulheres do Campo será realiza nesta quinta-feira, de 9h às 20h, e na sexta-feira, de 9h às 16h.
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