O Congresso Nacional aprovou, em junho de 2025, um projeto de lei que amplia significativamente a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A partir de 2026, trabalhadores que ganham até R$ 5.000 por mês deixarão de pagar IR. Trata-se de um salto expressivo em relação à faixa anterior de R$ 2.259,20, em vigor até então.
Essa medida traz alívio direto no bolso de cerca de 10 milhões de brasileiros, somando-se aos 10 milhões já beneficiados em reformas anteriores (2023 e 2024). Ao todo, 20 milhões de pessoas passam a estar isentas, o que representa 65% dos declarantes de IR. Além disso, para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, haverá descontos parciais, aliviando também a carga tributária da classe média baixa.
Impacto Econômico e Social
A mudança tem claros méritos: aumenta a renda disponível dos trabalhadores, especialmente os de renda média e baixa, fortalece o consumo interno e proporciona uma resposta concreta à demanda histórica por mais progressividade no sistema tributário brasileiro.
Com mais dinheiro no bolso, há expectativa de estímulo ao comércio e à economia local, especialmente em regiões onde os salários médios giram em torno do novo teto de isenção. Casos exemplares divulgados pelo próprio governo mostram economias anuais que chegam a R$ 3.970 para uma professora e R$ 3.200 para um autônomo com salário em torno de R$ 5.450, o que não é desprezível.
A conta vem de cima
A medida, no entanto, reduz a arrecadação da União em cerca de R$ 27 bilhões. Para compensar, o governo propôs — e o Congresso aprovou — a criação de uma tributação mínima para altas rendas: todos que recebem mais de R$ 600 mil por ano (cerca de R$ 50 mil por mês) passam a ter uma alíquota efetiva mínima, que pode chegar a 10% para quem recebe acima de R$ 1,2 milhão anuais.
Trata-se de um avanço no combate à regressividade do sistema, já que atualmente muitos contribuintes de alta renda pagam menos imposto proporcionalmente do que profissionais da classe média, principalmente porque rendimentos como dividendos (parte dos lucros distribuídos por empresas) são isentos de tributação na pessoa física.
A proposta traz um componente de justiça fiscal importante: se você já pagou IR sobre sua renda, esse valor será abatido, e só pagará a diferença até atingir a alíquota mínima. A ideia é atingir apenas rendas isentas de impostos diretos, como dividendos, e evitar bitributação.
Contudo, menos de 0,13% da população brasileira será afetada diretamente por essa nova taxação. Isso mostra que o impacto social é limitado e cuidadosamente calibrado, mesmo que seu efeito compensatório à renúncia fiscal seja robusto.

