por LUCIANA ARCHETE
Advogada e Jornalista MG19681JP
Mais fotos em álbum neste site
O casal José Braz e Lédia acabam de comemorar 70 anos de união matrimonial. A união ocorreu em 04 de dezembro de 1947. Deste casamento nasceram três filhos, nove netos (todos casados) e 19 bisnetos. A celebração reuniu familiares, filhos, netos e bisnetos, além de amigos.
A missa em ação de graças aconteceu na manhã de domingo (03), na Igreja São José Operário, que integra o complexo do Cristo Redentor de Muriaé e foi celebrada pelo padre Rômulo.
Esta foi a última missa do padre Rômulo em Muriaé, ele está sendo desginado para a região de juiz de Fora e, antes de se despedir, realizou a cerimônia de confirmação de votos do Casal.
O Casal
A doce e pequena Lédia Tanus Braz nasceu Lédia Tanus Xaia, aqui mesmo, no bairro da Barra há 86 anos. Filha de um libanês, Natal Tanus Xaia, que chegou ao Brasil disfarçado de padre para fugir da guerra entre cristão e mulçumanos em seu País. A mãe, italiana, chamava-se Adélia Bizzo e tinha vindo ao Brasil com os pais e irmãos. Aqui, o libanês e a italiana se casaram e tiveram três filhos, Henrique, Arlindo e Lédia.
Até os treze anos, embora morasse no mesmo bairro daquele que seria seu grande amor e companheiro para a eternidade, José Braz, nunca o havia visto. Também, o rapaz trabalhava muito na marcenaria do pai, Pedro Braz. Mas o destino fez com que se conhecessem de uma maneira inusitada.
Era um sábado de Aleluia, aquele conhecido pelos católicos como “Sábado da Semana Santa”, o primeiro dia depois da crucificação e morte de Jesus Cristo e o dia anterior ao Domingo de Páscoa. Também marcado no Brasil como “Dia de malhar o Judas”. Pois foi num sábado que o pai de Lédia, Natal, animado e empolgado com o festejo, disparou seis vezes sua arma contra um Judas e, para sua surpresa e para unir o casal, policiais chegaram ao local para apreender a arma e deter o atirador. Adélia, temendo pela prisao do pai, começou a chorar e, o rapazote José Braz, de bicicleta a chamou de “chorona”. Foi a primeira vez que se viram e, três meses depois, ele, o marcineiro, pedia autorização para namorar a menina de 13, quase 14 anos de idade. Natal, o pai, autorizou, desde que fosse em casa, ali mesmo no bairro da Barra.
Três anos após o namoro se uniam em matrimônio José Braz e Lédia Tanus Xaia, ela adotaria o Braz do marido, perdendo o sobrenome familiar. Foram morar ali mesmo, no mesmo bairro. “Aqui é nosso santuário”, diz D. Lédia, como é conhecida atualmente. A casa simples ganhou portas, batentes e móveis construídos pelo próprio José Braz que, mais tarde, viria a ser carinhosamente apelidado de “Zé” ou, “seu Zé Braz”. A vida difícil dos anos 50 não os impediu de sonharem alto. Ela, boa esposa e dedicada aos primeiros filhos, Braulio que nasceria nove meses após a união com Lédia. Também Adélia nascera e em 53 chegaria o mais novo, Gilberto. Ele tinha em mente comprar um caminhão e, mesmo após casado, só o fez quando o pai, Pedro, deu o concentimento. “Eu era magrinho e os caminhões pesados e rudimentares, as estradas perigosas, não por assalto, mas por falta de asfalto mesmo. Mas só o fiz, porque meu pai aceitou”, lembra com voz serena Ze Braz.
Do caminhão para 73 empresas
O filho Braulio completaria 18 anos quando surgiu uma oportunidade para Zé Braz, comprar uma concessionária falida. “Meus irmãos tentaram me tirar de ideia, mas eu estava determinado a crescer e aceitei o desafio. O Braulio iria administrar esta empresa e, para isso, tive que emancipá- lo”, lembra Zé Braz. Lédia confirma que o filho chegou a ficar preocupado e falar para a mãe: “Não entendendo nada de vender e atender cliente é difícil”. Ela, consoladora deu-lhe uma orientação: “Você vai aprender, filho.
Você é inteligente”! E o jovem Braulio partiu com o pai para São Paulo para comprar o primeiro veículo que ele venderia em Muriaé. As estradas? Terra. E assim se fez. Ele mais que aprendeu, se tornou um dos grandes empresários do setor no Brasil. As empresas do grupo hoje são 73 com pouco mais de 4 mil funcionários em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Além do filho Braulio, os netos trabalham nas empresas do grupo. O filho mais novo do casal, Gilberto, faleceu de cancer ainda novo.
Embora a partida os tenha deixado abalados, os pais continuaram o legado do filho. “Foi o Gilberto que abriu portas para o nosso crescimento. Ele era determinado e muito dinâmico e isto fez com que o grupo ampliasse horizontes e chegasse ao que é hoje”, diz Dona Lédia. A outra filha chama-se Adélia.
Para o futuro o casal apenas sorri e diz que conquistaram tudo, uma bela família, netos dedicados e trabalhadores, bisnetos estudiosos, enfim, “o futuro a Deus pertence. estamos bem e com saúde”, diz Lédia.
O patriarca do Grupo Líder fez 92 anos de idade e já foi prefeito de Muriaé por oito anos seguidos, conseguindo realizar grandes obras, dentre elas a construção do Centro Administrativo Tancredo Neves (sede da Prefeitura).
foi na Gestão Zé Braz que muitas instituições educacionais foram construidas ou reformadas, assim como Unidades Básica de Saúde.
O melhor lugar do mundo
Se tivessem que escolher um lugar para morar, poderiam escolher qualquer Pais, cidade ou até uma ilha. “Nossa primeira viagem ao exterior foi quando eu tinha 40 anos” lembra D. Lédia. “Ficamos 15 dias na Europa, com a turma do Rotary, e conhecemos Portugal e Itália”, depois vieram outras viagens, França, Bélgica, Estados Unidos, Inglaterra e várias cidades do Brasil. Mesmo assim, Lédia e Zé Braz, são unânimes em afirmar que, o melhor lugar do mundo para se viver é em Muriaé. “Aqui é nossa casa. Aqui nos sentimos aquecidos e amados”, diz Lédia sorrindo. Para ela, o lugar mais bonito no Brasil é Belo Horizonte e Rio de janeiro. No exterior: a Itália. “Terra da minha mãe”, diz. Para Zé Braz, no Brasil, se tivesse que morar em outra cidade seria “Belo Horizonte. Lá é lindo”, afirma. Mas se fosse no exterior: “Portugal. Eu acho muito bonito”, diz ele sorridente.