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Setcemg aponta desafios e projeta recuperação tímida para o setor de transporte de cargas em 2025
Se por um lado a expectativa é de crescimento entre 4% a 5% até o final do ano
Publicado em 15/07/2025 14:05
Notícias Gerais

O setor de transporte rodoviário de cargas iniciou o ano de 2025 com projeções otimistas de crescimento entre 7% e 10%. No entanto, o cenário econômico, nacional e internacional, impôs obstáculos que acabaram freando o ritmo de avanço das empresas. De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antonio Luis da Silva Junior, fatores como o aumento dos juros, mudanças nas regras do IOF e instabilidades externas, como guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, impactaram diretamente os custos operacionais, especialmente o preço do diesel e o acesso ao crédito.

“Essas variáveis, especialmente o custo do combustível e a alta dos juros, inviabilizaram o crescimento previsto no início do ano. Por isso, o Setcemg revisou sua projeção para algo entre 4% e 5%, o que representa uma recuperação modesta, muito próxima da inflação”, afirma o dirigente.

Segundo o presidente da entidade, o setor enfrenta hoje um dos seus maiores desafios, a baixa produtividade. Ele também destaca a insegurança jurídica em função das condições de trabalho impostas pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucionais diversos pontos da Lei do Motorista, afetando diretamente os custos e principalmente a produtividade, além de causar descontentamento dos motoristas, o que pode resultar em maior número de ações trabalhistas.

“Clientes e embarcadores estão ultrapassando o limite legal das cinco horas nas operações de carga e descarga, e não estão pagando as estadias previstas em lei. Muitos transportadores não exercem seu direito, cedendo às pressões e acabam aceitando condições muito abaixo do determinado pela legislação. Lembrando que o impacto vai além do financeiro, afetando a produtividade de seus equipamentos e aumentando diretamente seus custos”, salienta.

O presidente do Setcemg cita também a escassez de mão de obra qualificada. “Faltam motoristas e trabalhadores capacitados. Parte disso se explica pelos salários ainda defasados, mas os transportadores também estão sem margem para pagar mais, devido à distorção nos fretes e ao alto custo de operação.”

A precariedade de muitas rodovias, como a BR-381, também é apontada como um entrave grave. “Estamos pressionando o governo para garantir os recursos necessários à execução dos lotes 8A e 2B, que não foram concedidos à iniciativa privada. Se não forem feitos, vamos perder mais dez anos esperando por melhorias”, alerta.

Balanço

Em relação ao balanço do Setcemg, o primeiro semestre deste ano foi marcado por importantes decisões tomadas por meio da Convenção Coletiva de Trabalho. “Fizemos o que foi possível para garantir justiça e equilíbrio. Buscamos reajustar salários, melhorar o piso e ajustar alguns benefícios aos trabalhadores do setor”, explica Silva. Os benefícios envolvem plano de saúde, auxílio-refeição, diárias, seguro de vida e plano odontológico.”

A campanha pelo Frete Justo, uma das bandeiras da entidade, também esteve em pauta. “A campanha não pode parar. É uma luta constante para que as empresas tenham remuneração justa e saibam cobrar corretamente o frete. Vamos retomar com força total no segundo semestre”, adianta.

Entre as conquistas do semestre, destaque para a abertura da nova delegacia regional em Sete Lagoas e a realização de encontros regionais com empresários nas cidades de Formiga e Governador Valadares. Para os próximos meses, estão previstos mais três encontros, além da ampliação do atendimento aos transportadores com novas representações em Unaí, Paracatu, Congonhas ou Barbacena.

A expectativa do Setcemg é de que o segundo semestre exija mais trabalho e mais mobilização. A entidade vai intensificar suas ações junto aos tomadores de serviços de transporte, exigindo cumprimento da lei, especialmente no que se refere às condições de carga e descarga, pagamento de pedágios e infraestrutura nos pontos de coleta. “Não dá para aceitar que motoristas sejam enviados para locais sem banheiro, sem água, sem nenhuma estrutura. É desumano”, afirma o dirigente.

O sindicato também está passando por um processo interno de reorganização, com apoio da Fundação Dom Cabral (FDC), visando a modernização da governança. “Estamos construindo um sindicato forte, representativo, que dialoga com o setor e age com firmeza para defender os interesses das empresas”, conclui o presidente do Setcemg.

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