A Alacib-Mariana e a SEJUSP (Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado de Minas Gerais) assinaram no dia 18 de novembro de 2022, o Termo de Cooperação Técnica, para inserção da Aldravia (forma de poesia minimalista) nas Unidades prisionais e APAC's do Estado de Minas Gerais.
O projeto Lalia (Laboratório de Linguagens Afetivas) tem como objeto a proposição de envolver a arte e a literatura do movimento de arte aldravista, para realização de ações educativas, culturais e artísticas contínuas, com a criação do Laboratório de Linguagens Afetivas (Lalia/ nome sugerido pela acadêmica Andreia Donadon Leal): um espaço criativo e interativo para realização programada de oficinas, palestras, produção textual, onde ocorrerá o encontro das diferentes linguagens, de literatura e de outras artes, como a pintura e a dramatização de poesias por meio de treinamento remoto ou presencial dos servidores e colaboradores voluntários dos Indivíduos Privados de Liberdade - IPLs das unidades prisionais e APAC's de Minas Gerais. A primeira edição do Lalia será o projeto “Nas Sendas da Aldravia”, trabalho que apresentará a aldravia (forma poética genuinamente mineira), seu contexto histórico, conceitual, metodológico, processo criativo e multidisciplinaridade. As oficinas e palestras serão ministradas pelos poetas e educadores: Andreia Donadon e José Benedito Donadon Leal, com o intuito de capacitar os servidores e colaboradores voluntários, para multiplicação deste aprendizado para as unidades prisionais e APAC's de Minas Gerais, potencializando, dessa forma, as práticas sociais educativas não-escolares e promovendo o prazer pela leitura e escrita, para um maior número de custodiados nas unidades, independentemente do nível de escolaridade e vínculo com a educação básica. A Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (Alacib) juntamente com a Diretoria de Ensino e Profissionalização (DEP) – subordinada à Superintendência de Humanização do Atendimento (SHUA) - imbuída da coordenação, orientação e fiscalização das atividades relativas à assistência educacional dos IPLs reconhecem a importância de atividades sócio culturais e artísticas para que pessoas privadas de liberdade retornem à vida extramuros aptas ao convívio social e acreditam ser esta uma responsabilidade de toda a sociedade. Segundo o dicionário ‘Português online’, ressocialização é a inserção em sociedade; processo de ressocializar, de voltar a pertencer, a fazer parte de uma sociedade: ressocialização de presos ou encarcerados. (Acesso em 25/08/2022. In: https://www.dicio.com.br/ressocializacao/). Dessa forma, a palavra ressocialização possui sentidos atrelados ao da reeducação, reinserção, reintegração da pessoa ao convívio social, familiar, educacional, etc. Uma das formas mais efetivas de tocar a sensibilidade humana é por meio das artes e da literatura. Desde a criação do mundo, o homem sente necessidade de se expressar, artisticamente, num processo criativo e catártico. Visando trabalhar neste contexto de humanização e afetividade por intermédio das artes integradas, o Lalia desenvolverá atividades num ambiente que possibilitará a manifestação daquilo que os ressocializando sabem, mas que “não sabem que sabem”.
Os servidores e colaboradores voluntários do sistema penitenciário do Estado de Minas Gerais, serão multiplicadores e curadores, auxiliando cada custodiado a encontrar sua técnica de produção, em diversas áreas das linguagens, com as quais se identificam e que consideram relevante, para lapidar o conhecimento de mundo que têm. Neste contexto, a Alacib e a DEP se apresentam como parceiras e se reconhecem como corresponsáveis pelo processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade, se comprometendo a desenvolver atividades educacionais, culturais e artísticas junto aos IPLs das unidades prisionais e APAC's. O Lalia trabalhará com a aldravia (poema minimalista de seis versos univocabulares), testada na Penitenciária de Belo Horizonte I:
borboletas
amarelas
voam
liberdade
enfeitando
jardins
(ALF - PBHZI)
pensamentos
livramentos
saudades
momentos
bons
tempos
(FMC - PBHZI)
penso
oro
choro
arrependida
vida
endurecida
(MCSS – PBHZI)
A produção deste texto minimalista foi promovida pela percussora no Sistema Prisional, a Analista Executivo de Defesa Social/Pedagoga Miriam Célia dos Santos e as mulheres da Penitenciária de Belo Horizonte I, atual Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto. A produção desenvolvida desnudou o íntimo de cada custodiada, principalmente de quem nunca escreveu um poema e não sabe ao certo as técnicas da versificação. Há muita revelação nos versos de MCSS, FMC, ALF; nestas seis cápsulas de retratar o que cada uma sentiu ou sente, em uma forte erupção de sentimento, catarse e libertação.
A professora Andreia Donadon Leal reforça o compromisso dos acadêmicos, poetas e parceiros em diversos trabalhos de incentivo à leitura e à produção textual, cujo objetivo central é promover o Letramento Literário, levando a aldravia em todos os espaços em que a Educação Literária é mola propulsora no processo de Humanização.
O projeto será iniciado no mês de março de 2023 até o ano de 2025, com a seguinte programação on-line:
Palestras: vulnerabilidades, perdão e afetividades (acadêmico René Dentz – Psicanalista)
Café literário: Vastos caminhos da memória de leitura (acadêmica e presidente da Alacib-Mariana, Andreia Donadon Leal)
Oficinas “Nas sendas das aldravias”, com acadêmicos, educadores e instituições parceiras.
A multiplicação do projeto nas Unidades Prisionais e Apac's ficará a cargo da SEJUSP, que trabalhará com produções de poesia, ilustrações, declamações, concurso de aldravias e publicação de um E-book. Todo o trabalho é voluntário.