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Grupo de trabalho da Câmara recomenda sistema semipresidencialista no Brasil a partir de 2030
Notícias de Política
Publicado em 20/10/2022

O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que estuda alterações no sistema de governo do Brasil aprovou nesta terça-feira (18) o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), que recomenda a adoção do semipresidencialismo a partir das eleições de 2030. A mudança dependeria previamente de plebiscito e de campanha didática do Tribunal Superior Eleitoral, com esclarecimentos básicos sobre o novo sistema de governo.

"A sugestão de propor o semipresidencialismo a partir de 2030 foi uma unanimidade, especialmente por estarmos vivendo o período eleitoral. Ainda haveria dois mandatos no sistema presidencialista, então sem nenhum prejuízo a qualquer candidatura ou a qualquer partido político que esteja pretendendo governar o País", destacou Moreira.

 

De acordo com o texto aprovado, são características do semipresidencialismo:

  • eleição popular direta do presidente da República;
  • indicação do primeiro-ministro pelo presidente da República, para exercício do cargo enquanto dispuser de confiança da maioria do Parlamento;
  • separação entre chefia de Estado, a cargo do presidente da República, e chefia de governo, exercida pelo primeiro-ministro.

Samuel Moreira afirmou que seu relatório resume sete meses trabalho e dez  reuniões com especialistas em busca de alternativas para aprimorar a governabilidade do País. "Também ficou referendado no relatório que mudança de sistema de governo não é cláusula pétrea e que cabe ao Parlamento decidir sobre isso. Não é obrigatório um plebiscito, mas sugerimos sim a possibilidade de fazê-lo”, completou.

Segundo Moreira, mudanças em curso – como a cláusula de barreira que pretende reduzir o número de partidos políticos no País – reforçam o caminho gradual rumo ao semipresidencialismo.

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

CÂMARA DISCUTE A ADOÇÃO DO SEMIPRESIDENCIALISMO

Saiba a diferença entre presidencialismo, parlamentarismo e semipresidencialismo e como o Brasil chegou à discussão sobre esse sistema

Discutido em um Grupo de Trabalho na Câmara dos Deputados, o sistema de governo semipresidencialista combina características do parlamentarismo com um presidente eleito diretamente, com influência na condução política do país. Embora seja um pouco diferente em cada país, é possível identificar algumas características gerais. Vamos conhecê-las para acompanhar a discussão aqui no Brasil.

  • Chefe de Estado e chefe de governo: representa o Estado e implementa o programa de governo vencedor nas eleições
  • Eleito pelo voto majoritário dos cidadãos
  • Não depende de sustentação política do parlamento para completar seu mandato
  • Define políticas públicas prioritárias executadas por ministros e outros membros do governo escolhidos por ele
  • Depende de negociação frequente com Congresso para aprovar leis e orçamento
 
  • Eleito pelo voto popular
  • Deputados e senadores decidem sobre propostas que instituem as políticas públicas desenhadas pelo governo e, especialmente, os recursos que vão implementá-las
  • Não pode ser dissolvido antes do término dos mandatos dos parlamentares
  • Deputados e senadores produzem o enquadramento legal sobre o qual o governo atua
 
 
 
  • Chefe de Estado: representa a unidade do Estado
  • Eleito pelo parlamento
  • Não depende de sustentação política do parlamento para completar seu mandato
  • No caso das monarquias parlamentaristas, o chefe de Estado é o monarca, designado, em geral, por hereditariedade
  • Chefe de governo: lidera a implementação do programa vencedor nas eleições
  • Mesmo quando indicado pelo presidente da República ou pelo monarca, sua indicação é chancelada pelo voto da maioria dos parlamentares
  • Depende da sustentação política do parlamento, que pode removê-lo durante o mandato, por meio do voto de censura
  • Eleito pelo voto popular
  • A composição parlamentar saída das urnas é decisiva para a definição de quem será o chefe de governo e qual será o programa de governo implementado
  • Deputados e senadores decidem sobre propostas apresentadas pelo governo para instituir as políticas públicas e os recursos que vão implementá-las
  • Pode ser dissolvido antes do término dos mandatos dos parlamentares eleitos, realizando-se novas eleições
 

A maior parte dos países chegou ao semipresidencialismo a partir de uma transição do sistema parlamentarista. Dependendo do país, presidente pode ter maior ou menor autonomia.Confira as características comuns ao sistema.

 
 
 
  • Chefe de Estado: representa a unidade do Estado
  • Eleito pelo voto popular direto, com mandato fixo
  • Não depende de sustentação política do parlamento para completar seu mandato
  • Exerce as atribuições do chefe de Estado no sistema parlamentarista e algumas das atribuições do chefe de governo
  • Chefe de governo: lidera a implementação do programa de governo vencedor nas eleições
  • Normalmente indicado pelo presidente, tendo em conta a correlação de forças no parlamento
  • Depende da sustentação política do parlamento, que o pode remover em meio ao mandato, por meio de voto de censura
  • Eleito pelo voto popular
  • A composição parlamentar saída das urnas é decisiva para a definição de quem será o chefe de governo e qual será o programa de governo implementado
  • Deputados e senadores decidem sobre propostas apresentadas pelo governo para instituir as políticas públicas os recursos que vão implementá-las
  • Pode ser dissolvido antes do término dos mandatos, realizando-se novas eleições

O QUE ESTÁ EM DISCUSSÃO NO BRASIL

 

A maior parte dos países chegou ao semipresidencialismo a partir de uma transição do sistema parlamentarista. Dependendo do país, presidente pode ter maior ou menor autonomia. Confira as características comuns ao sistema.

Quem é a favor argumenta que:

  • Em crise política, semipresidencialismo permite rápida e pouco traumática mudança de primeiro-ministro, preservando estabilidade.
  • Brasil sofre instabilidades causadas por dois recentes e traumáticos processos de impeachment.
  • Cresceu poder do Congresso Nacional de definir agenda legislativa e de influir no orçamento, sem correspondente aumento da responsabilidade pela condução de programa de governo.

Quem é contra argumenta que:

  • Crises enfrentadas pelo regime político brasileiro são políticas, decorrentes de fatores complexos.
  • Crises não são superadas pela mudança do sistema de governo,mas pelo enfrentamento dos fatores políticos que as engendram, e que se manifestam independentemente do sistema.
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